quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Cênico Funcional (treinamento para higiene do corpo voz)

 Após o treinamento os Atuantes são convidados a produzir um texto reverberando todas as sensações acolhidas. Segue abaixo:


2° ENCONTRO

Por Luciano Melo
Ator

O trabalho me chamou atenção para muitos pontos relevantes sobre o trabalho do atuante. Vou tentar recapitular alguns deles. Pelo tempo transcorrido, perderei alguma coisa. Mas, o essencial está nessas palavras.

Primeiro, conhecer meu corpo pelos exercícios de alongamento. Para além de conhecer, há um trabalho de ampliar as possibilidades da expressão pelo corpo. O alongamento “acorda” e sensibiliza partes do corpo que estão adormecidas. Também reconhecer meus limites e aprender a lidar com eles: desde desafiá-los a ir um pouco mais longe até aprender a solucionar expressivamente aquele limite consciente (o trabalho favorece essa consciência e desperta meu todo para possíveis correções). Tudo isso sob o céu azul.

Segundo, o trabalho do atuante de estar consigo em trabalho com outros. Ao caminhar, sentia a presença dos colegas, a energia, mas, também interagia (desde o olhar as outras interações pelo odor, energia, presença etc.). Sentia-me parte e, ao mesmo tempo, consciente de como, naquele conjunto, estimular minha sensibilidade.

Terceiro, a combinação integrada entre exercícios físicos e vocais. Trato como “combinação integrada” pois não percebia separados a emissão de sons e o corpo em movimento. Sempre habituado a trabalhar respiração, impostação, projeção, dicção como um conjunto fechado, pelo segundo dia de trabalhos percebo o quanto voz-corpo-respiração se integram.

Quarto, lidar com os limites do meu corpo. Qualquer trabalho exige compreensão de si. As atividades aeróbicas me pediram um olhar mais atento comigo mesmo: como lidar da melhor forma? Como dirigir os esforços físicos para manter os três momentos de trabalho aeróbico? Como transformar o “cansaço” numa inspiração para o trabalho expressivo? Essas questões acompanharam-me durante todo esse momento.

Quinto, o trabalho com a bola e com meus colegas. Não é só respirar, ou só jogar a bola, ou só interagir com os colegas. É tudo isso. O teatro é uma arte que integra esforços e exige disponibilidade e entrega.

Sexto, a bolinha, a raquete, o texto falado... Mais uma vez, atenção, respiração, concentração/entrega, disponibilidade e integração do meu todo foram chamados. A ausência do óculos gerou uma dificuldade inicial que precisou ser trabalhada. Certas limitações nos desafiam a explorar outras possibilidade do meu ser total. E assim trabalhamos.

Sétimo, as canções do Queen e o atuante em movimento num espaço aberto para o trabalho criativo. Uma integração singular que só abre campos de criação para o atuante. Sem estimular medos ou receios; sem programar a inefável criatividade. Jogar-se integralmente nas ações criativas. Os exercícios de alongamento e o próprio trabalho aeróbico deixaram o corpo disponível para a experimentação. A calmaria do início da noite. O verde que nos cercava. O meu eu em projeção criativa...

12.11.2020

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Por Deusa Sofia
Atriz

No treino de hoje apesar de toda animação e motivação senti dificuldades nas realizações dos exercícios. Senti dificuldade no exercício abdominal tesoura com peso, mas não senti dores ou algo do tipo. Realmente preciso trabalhar a força abdominal. Percebi dificuldade de correr para trás nos cones em forma de triângulo, a escuridão me confundiu um pouco. Faltou concentração. No momento do desabafo, tudo veio e me fechou a garganta. Não consegui voltar da emoção. E no frescoball senti minha mente agitada e nervosa e trêmula assim como a minha voz. Soltei uma parte de tudo no momento da dança pessoal.  Senti uma voz que veio de um suspiro doloroso mas libertador, fluído e forte. Agora sinto o cansaço e agitação (ainda, como se tivesse muita energia) e uma dor leve na garganta mas sem dores no corpo.

12.11.2020

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Walba Soares
Ator

Segundo encontro de treinamento pré-expressivo, vejo o quanto se faz necessário o trabalho de consciência da fisicalidade para o desenvolvimento do trabalho do ator. A começar o trabalho consciente de respiração por meio de exercícios de curta duração em que possibilita esse corpo está acordado e despertado, onde sinto dificuldade no levar essa respiração a umas partes fluentes, e outras como posteriores, buscar exercitar para aperfeiçoamento. Em seguida jogo de cena em três atos, a dificuldade em manter pernas esticadas com caneleiras, uma fadiga na musculatura ou algo do tipo trava... Porém sem dores ou exaustão. Realizar as três cenas me faz com que o cérebro se reprograme o tempo todo de forma eficiente, buscando maneiras de executar essa investigação sem gasto ou perca de energia.

Terceiro momento, desabafar é preciso, meu corpo em estado de alerta e prontidão para a cena e a cumplicidade no jogo. Perceber o quão é necessário externar todo sentimento guardado por dentro, falar, dizer isso de forma franca, sem ruídos, sem medos. Dizer o que está preso e precisa ser liberto, é natural sentir uma alegria, agitação inquietante. O dançar me transporta para meu interior, de forma que sou guiado pelo meu corpo, a busca o sentir, o apreciar, o despertar.

O desafio da bolinha revela muito, quando busco o esvaziamento da mente, e me deixo conduzir pelo movimento da bola no ar e alcançar as nuances necessárias para a execução do exercício, a partir do momento que entro com medo e inseguro, não há fluidez, mas quando se muda, o jogo fica a favor.

12.11.2020

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Állex Cruz
Ator

As percepções desse segundo dia de treinamento pre-expressivo me trouxe o entendimento de ser um trabalho do aguçamento de nossas percepções e conscientização das sensações do corpo em cada momento do treino, para que assim o atuante encontre o entendimento do seu instrumento de trabalho que é o seu corpo (mente/voz) na cena, deixando transparecer suas necessidades e dificuldades para serem trabalhadas em prol do aprimoramento do seu bios-cênico.

No primeira momento senti um bom e  significativo despertar de todo corpo, porém a respiração surgiu mais forte no sentido de presença de uma forma mais fluida, mesmo diante das minhas dificuldades. O trabalho de concentração veio mais firme nesse encontro, por esse motivo pude me sentir mais presente e aberto ao treinamento, claro que alguns momentos a dispersão aparecia mas ainda assim eu encontrava o foco.

Quando iniciamos às 3 seções, o trabalho inicial foi de entender cada cena e as estratégicas específicas dentro de cada condição sem perder a consciência de si. No começo a cena 1 de pular a escada citando as sílabas, minha mente teve um pouco de dificuldade de organizar, porém através da concentração consegui entender a logística. Ainda assim acontecia de me perder em uma cena ou outra como por exemplo no triângulo, porém eu busquei em todo o processo ir de encontro com a concentração e assim executar.

Nos últimos momentos com o frescoball a minha ansiedade em fazer, o querer fazer e não errar, a falta do controle da força, e a não organização de todo o corpo (corpo voz/mente/respiração), ocasionou a sensação de travamento do braço, impedindo-me de deixar com que a energia fluísse e estabelecesse uma conexão de mim com a raquete e a bola fazendo-se extensão desse corpo. Tentei fazer com que isso não me afetasse de forma negativa, mas tocou pelo sentido de ver como trabalho e não ter feito como devia. Entretanto, pude absorver o entendimento da importância para que esses problemas se revelem agora fora da cena durante o processo, do que em cima do palco.

Senti esse treinamento inteiramente como criação, e no final quando vamos para dança pessoal eu busquei explorar a leveza e o pequeno. Preenchendo com a energia da fluidez que veio na respiração no início no treinamento.

12.11.2020

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