terça-feira, 30 de agosto de 2016

Por Que Fizemos? (Ensaio Minimalista Sobre a 5ª Edição do NORTEA – Núcleo de Laboratório Teatrais do Nordeste no FESTLUSO)



Por Que Fizemos?
(Ensaio Minimalista Sobre a  Edição do NORTEA – Núcleo de Laboratório Teatrais do Nordeste no FESTLUSO)
                                                                                                                                                                                                                                               “ postulado”
                                                                                                                                                                                       
 “fazer poemas é fácil
como amordaçar um lobo”
Paulo Machado

                                                                                                                                                                                     “parodiando postulado”
                                                                                                                                     
“fazer teatro é fácil
retire a mordaça de um lobo”
Adriano Abreu


Fizemos porque há muito tempo a voz estava presa na garganta e, nossa boca, talvez por inabilidade ou imediatismo, estava exausta de falar.
Fizemos porque precisávamos ouvir algo muito parecido com a nossa voz. Aquele som rouco, quase imperceptível, vindo de um lugar qualquer dessa imensa nação usurpada.
Fizemos porque ansiávamos ver algo plasmado no corpo dos nossos irmãos, algo que vai muito além do teatro mas que faz parte dele, encarar face a face a cruel realidade da possível extinção do sonho do pão, do linho, do livro, da cena.
Nessa hora o impossível é não ser minimamente trágico.
Fizemos porque sentimos, por muito tempo, o odor do diletantismo que na maioria das vezes impregna os ares desse teatro do Piauí. Portanto, para que tudo faça sentido, devemos acreditar, como falava algum mestre: “O Teatro não é lugar para diletantes”.
O carinho e respeito que trago por vocês, meus irmãos da cena Piauiense, é equivalente a minha responsabilidade com o teatro, essa relação, muitas vezes conflitante, fez com que eu me esquecesse por um instante meu orgulho, medo, egoísmo e vaidade. Dessa forma procurei administrar minhas parcas forças e mínimas possibilidades na tentativa de realizarmos, de preferência juntos, uma ampla reforma na nossa casa teatral, e a (re)construção já está em curso.
Fizemos o 5º NORTEA dentro da Programação do FESTLUSO porque nossa pele, muito além dos inúmeros abraços que trocamos, necessitava roçar em outras experiências, dramaturgias, formatos e sensações. Precisávamos entender que a crítica pode ser uma forte aliada, nos retirando da zona de conforto, que ao invés de aquecer, nos atira no frio abismo da mediocridade.
Esse espaço-tempo onde habitamos fica livre para discordâncias, parcerias, olhares, quaisquer manifestações, exceto omissões; essa demência destruidora.
Antes do fim, é essencial que se reconheça a absoluta disponibilidade e abnegação ao Teatro de Expressão Nordestina, Brasileira, Lusófona e Mundial de algumas pessoas: Luís Alberto Alonso, Airton Martins, Francisco Pellé, Silmara Silva, Marcelo Flecha, Fernando Yamamoto, Pedro Vilela, Maneco Nascimento, Eraldo Maia, Rafael Magalhães, Antônio Marcelo, Aci Campelo, Chiquinho Pereira, Dionizio do Apodi, Josy Brito, Kil Abreu, conjunto dos diretores lusófonos e todos os membros de grupos, organizações, pesquisadores e equipe técnica do FESTLUSO.
Finalizando um frutífero começo: fizemos o 5º NORTEA no FESTLUSO, porque é fundamental e urgente (re)inventar o Teatro Brasileiro de Expressão Piauiense.  Nosso terrível ou venturoso futuro depende disso e de outras infinitas possibilidades.
Adriano Abreu
Diretor do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes
30 de agosto de 2016


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