quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

AMOR, IMBATÍVEL AMOR



                                                 

                                                       AMOR, IMBATÍVEL AMOR

O amor é substância criadora e mantenedora do Universo, constituído por
essência divina.
É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se
enriquece à medida que se reparte.
Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder,
quanto mais se irradia.
Nunca perece, porque não se entibia nem se enfraquece, desde que sua
força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida.
Assim como o ar é indispensável para a existência orgânica, o amor é o
oxigênio para a alma, sem o qual a mesma se enfraquece e perde o sentido de
viver
É imbatível, porque sempre triunfa sobre todas as vicissitudes e ciladas.
Quando aparente — de caráter sensualista, que busca apenas o prazer
imediato — se debilita e se envenena, ou se entorpece, dando lugar à
frustração.
Quando real, estruturado e maduro — que espera, estimula, renova —
não se satura, é sempre novo e ideal, harmônico, sem altibaixos emocionais.
Une as pessoas, porque reúne as almas, identifica-as no prazer geral da
fraternidade, alimenta o corpo e dulcifica o eu profundo.
O prazer legítimo decorre do amor pleno, gerador da felicidade, enquanto o
comum é devorador de energias e de formação angustiante.
O amor atravessa diferentes fases: o infantil, que tem caráter possessivo,
o juvenil, que se expressa pela insegurança, o maduro, pacificador, que se
entrega sem reservas e faz-se plenificador.
Há um período em que se expressa como compensação, na fase
intermediária entre a insegurança e a plenificação, quando dá e recebe,
procurando liberar-se da consciência de culpa.
O estado de prazer difere daquele de plenitude, em razão de o primeiro ser
fugaz, enquanto o segundo é permanente, mesmo que sob a injunção de
relativas aflições e problemas-desafios que podem e devem ser vencidos.
Somente o amor real consegue distingui-los e os pode unir quando se
apresentem esporádicos.
A ambição, a posse, a inquietação geradora de insegurança — ciúme,
incerteza, ansiedade afetiva, cobrança de carinhos e atenções —, a
necessidade de ser amado caracterizam o estágio do amor infantil, obsessivo,
dominador, que pensa exclusivamente em si antes que no ser amado.
A confiança, suave-doce e tranqüila, a alegria natural e sem alarde, a
exteriorização do bem que se pode e se deve executar, a compaixão dinâmica,
a não-posse, não-dependência, não-exigência, são benesses do amor pleno,
pacificador, imorredouro.
Mesmo que se modifiquem os quadros existenciais, que se alterem as
manifestações da afetividade do ser amado, o amor permanece libertador,
confiante, indestrutível.
Nunca se impõe, porque é espontâneo como a própria vida e irradia-se
mimetizando, contagiando de júbilos e de paz.
Expande-se como um perfume que impregna, agradável, suavemente,
porque não é agressivo nem embriagador ou apaixonado...
O amor não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre, porque vive no
íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece.
O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a
etapa final de todos os anelos humanos.
O clímax do amor se encontra naquele sentimento que Jesus ofereceu à
Humanidade e prossegue doando, na Sua condição de Amante não amado


AMOR, IMBATÍVEL AMOR
DIVALDO PEREIRA FRANCO
DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÃNGELIS


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Quando Atuar é Um Movimento da Alma









Quando Atuar é Um Movimento da Alma

 “O palco é a verdade, é aquilo que o artista acredita sinceramente;
até a mentira notória deve tornar-se verdade no teatro para ser arte.
 Para isso o artista deve ter uma imaginação fortemente desenvolvida,
ingenuidade e confiança infantis, sensibilidade artística
 para a verdade e o verossímil na  sua alma  e no seu corpo.
Todas essas propriedades lhe ajudam a transformar uma grosseira
mentira cênica na verdade mais sutil da sua relação com a vida imaginada.”
Constantin Stanislavski (Minha vida na Arte)


        Nem eu, nem o mais hábil diretor de teatro, é capaz de ensinar o mais talentoso(a) ator(iz) a representar um papel. Essa é a consequente e mais profunda reflexão que realizo nos meus vividos anos de teatro. “As mais terríveis verdades são os nossos melhores álibis”, preconiza assim o grande Eugênio Barba, dessa máxima posso retirar lições que me libertam e, traçam indeléveis metáforas, que me levam há outro tempo, outra dimensão do significado atuar.
       Sem gloriar-me de tal privilégio (até com certo pânico), colaboro, de maneira pálida, com alguns dos melhores intérpretes do teatro da minha aldeia-nação, o Piauhy. Convivendo com essas mentalidades e espíritos ricamente complexos percebo, sem medo de errar, mas ainda longe de uma verdade confiável, que os grandes atores e atrizes movimentam suas almas, em chamas, na direção de um objetivo indecifrável, intangível.
           Deus criou homens e mulheres a sua imagem e semelhança deu, ou retirou desses seres algo enigmático, os tornando, ao mesmo tempo, vítimas e algozes do resto da humanidade, como também, de si mesmos. Atuar, viverem muitas vidas em uma só existência de forma autêntica, parece tarefa insondável para a maioria de nós outros, para eles ofício.
           Como diretor, considero-me como um tradutor de linguagens obscuras, para quem se propõe a tarefa teatral. Às vezes, ajo como anjo protetor, outras vezes, como cruel escarnecedor. Não me julguem mal, por favor, não cometam tamanha injustiça. O encenador que não protege com verdades a quem dirige é um covarde e comete o mais nefasto dos crimes para a arte dramática: a mentira.
            Alguns, desses seres, que tenho a honra de acompanhar, como quem compõe um poema inacabado, caminham a altiplanos artísticos e humanos com a tranquilidade de quem  recuperou definitivamente suas asas cortadas. Outros ainda debatem-se na dúvida de todos os santos antes de provar a definitiva comunhão com o eterno. Alguns se afundam no pântano da vaidade ilusória. Nenhuma, ou pouca responsabilidade, tenho sobre isso, eles e elas, atores e atrizes, são a arte, eu apenas um olhar. Minha função será cumprida com o que me cabe na vida da cena, olha-los e dizer: “- Acreditei ou não acreditei em vocês nessa noite.”


Para atriz Silmara Silva
                                                            (e para  todas as nobres mulheres do Teatro)