quinta-feira, 23 de junho de 2011

Instantâneo: Antonin Artaud (essencial)



Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.


Antoine Marie Joseph Artaud, conhecido como Antonin Artaud (Marselha4 de setembrode 1896 — Paris em 4 de março de 1948) foi um poetaatorescritordramaturgoroteirista ediretor de teatro francês de aspirações anarquistas. Ligado fortemente ao surrealismo, foi expulso do movimento por ser contrário a filiação ao partido comunista. Sua obra O Teatro e seu Duplo é um dos principais escritos sobre a arte do teatro no século XX, referência de grandes diretores como Peter BrookJerzy Grotowski e Eugenio Barba. Seus restos mortais se encontram no Cimetiere de Marseille, França.
Artaud foi encontrado morto em 4 de março de 1948, em seu quarto do hospício de Ivry, bairro de Paris. Estava aos pés da cama com um sapato na mão.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Espectador e a Construção da Obra de Arte


O Espectador e a Construção da Obra de Arte


        Se o trabalho do ator(iz) é a minha bússola o espectador me serve como farol. Quando o encenador escolhe os "materiais" que utilizará no processo criativo não deve perder de vista a quem se destina o seu produto cultural. Aparentemente essa afirmação pode parecer óbvia, mas o encenador, técnicos e fundamentalmente atores(izes) estão imersos na feitura da obra, não raro, se esquecem que são apenas ferramentas, matéria prima e manufatura do espetáculo. A platéia é que fará com que o trabalho permaneça no espaço e, às vezes, no tempo.
        Os coletivos artísticos podem concretizar construções que ampliem o universo cultural, cognitivo, valorativo e espiritual do seu público, elevando as perspectivas da vida dessas pessoas lhes proporcionando, além de entretenimento, emoção estética e, por vezes, se a obra for autêntica, até momentos de fruição da alma. Porém, podemos realizar trabalhos que não contribuam com a evolução cultural do espectador e, muitas vezes, até chegam a estagná-la.  
        A escolha da matéria prima é importantíssima na fabricação da obra de arte. Impossível conseguir a cor grená se decido trabalhar com um lápis grafite. É muito improvável manter meu terno branco limpo em um chiqueiro de porcos. Como criar uma impressão de suavidade se o que manipulo é grosseiro?
       Após a escolha dos ingredientes faz-se o alimento. A minha experiência convenceu-me que se conhecermos o "sabor das substâncias" que escolhemos para a feitura do trabalho artístico fica mais simples a sua manipulação. Denominamos esse processo de pesquisa. Essa fase, essencialmente coletiva no trabalho teatral, deve ser feita em processo de laboratório (com todo cuidado e rigor que o termo sugere), na contemporaneidade essa prática não é só salutar é indispensável.
      Existe uma máxima que diz: “Dois tipos de espetáculos são imprestáveis: aqueles onde entendemos tudo e aqueles onde não entendemos nada”. A busca de equilíbrio entre os diversos aspectos que compõe a encenação devem definir aquilo que desejamos (re)passar. Duas coisas o espectador abomina: Uma é ser considerado um tolo e a outra é sentir-se tolo. Simultaneamente o espetáculo (isso vale para qualquer gênero artístico) deve oferecer a sua assistência o "enigma do mar revolto" e referenciais seguros no horizonte da obra.  Se o espectador é meu farol o meu trabalho cênico é navio para ele.
       Nessa maneira de pensar arte ousadia e humildade  andam juntas em relação amorosa. Os frutos dessa ação dialógica, entre artistas e público, será o fortalecimento de um elã metafísico. Pois se existem verdades na arte (e existem por mais que tentem negar os filhos do relativismo) revelam-se translucidamente na presença dos que a apreciam. Quem ignora esse princípio, por irredutibilidade conceitual ou por simples ignorância, age às cegas. A platéia é um fato concreto mesmo tendo seu gosto adulterado por séculos de dominação de uma arte inautêntica, sempre reagiu à autenticidade. Espectadores têm fome como filhos órfãos que esperam pacientemente adoção mesmo temporária, licenciosa ou fluida. Afinal, a platéia nunca foi escrava de ninguém quem pensa ao contrário está fadado ao fracasso. Cabe aos artistas, no tempo da vivência, alimentá-los, educá-los procurando nunca ser tiranizados por seu público (se isso acontece é o fim do artista e da arte) e, com muito cuidado, amá-los.  

Adriano Abreu
Diretor do Piauhy Estúdio das Artes



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Instantâneo: Frase de Fernanda Montenegro


"Nosso critério não é o de escolher papéis, mas procurar peças que queiram dizer alguma coisa. Fazer teatro é um destino"

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Instantâneo: O piauiense é um bode.



O piauiense nunca foi boi e muito menos jegue. Adoro pensar que somos um povo bode. Fortes, belos, extremamente resistentes, espertos e sexualmente muito ativos. A nossa bandeira deveria ser mesmo um couro de bode.

Instantâneo: Leila e Guinga em Catavento e Girassol

Coisa maravilhosa Guinga e Leila (letra de Guinga e Adir Blanc)

sábado, 4 de junho de 2011

Imagens: Corpo.


Trecho do balé Bach, 
criado em 1996, coreografia de Rodrigo Pederneiras, 
musica de Marco Antonio Guimaraes (do Uakti) sobre obra de Bach.

Instantâneo: Frase de Garcia Lorca (103 anos)





"A poesia não quer adeptos, quer amantes."




Poeta e dramaturgo espanhol nascido Fuente Vaqueros5 de junho de 1898. Federico García Lorca é considerado um dos mais importantes escritores modernos de língua espanhola. Canta com versos de extrema sensibilidade a alma popular da Andaluzia. Natural de Granada, através de sua poesia identifica-se com os mouros, judeus, negros e ciganos, alvos de perseguições ao longo da história de sua região. Ele próprio sente na pele a discriminação com que os espanhóis da época tratam o homossexualismo. E jamais deixou de manifestar aversão aos fascistas e aos militares franquistas. Vive dois anos em Nova York, onde escreve poemas que só são publicados após sua morte. De volta à Espanha, em 1931, dirige a La Barraca, companhia teatral ambulante do governo republicano espanhol, que percorre as aldeias de todo o país. Sua tragédia rural Bodas de Sangue (1933), uma história verdadeira de ciúme e morte entre camponeses da Andaluzia, abre uma nova era no teatro moderno. Em 1934, já é o mais famoso poeta e dramaturgo espanhol vivo. Morre jovem, fuzilado em 19 de agosto de 1936 em Granada, por militantes franquistas no início da Guerra Civil Espanhola. Outras peças importantes são Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936).

Uma Pausa Para Poesia: Se (de Hermogenes)


Se


Se, ao final desta existência,


Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia…



Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas…



Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…



Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…



Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,



E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou…



Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio…



Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu…



Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia…



Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende…



Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…



Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…



Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…



Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…



Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.



Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.


José Hermógenes de Andrade Filho é considerado o pioneiro em medicina holística no Brasil, com mais de 42 anos de prática e ensino de yoga. Pai de 2 filhas, 6 netos e 4 bisnetos. Filósofo, poeta, escritor e terapeuta, o professor Hermógenes costuma dizer que se sente mais jovem hoje, aos 85 anos, do que se sentia aos 35. Doutor em yogaterapia, título concedido pelo World Development Parliament, da Índia, é o criador do treinamento anti-stress.