segunda-feira, 13 de julho de 2015

Teatro Para Pensar o Piauí! Teatro Para Pensar o Brasil!





Teatro Para Pensar o Piauí!
Teatro Para Pensar o Brasil!

“...fica a certeza de caminhar
em linha reta,
não fugir nunca.
remar contra a corrente, lutar
sem temer os golpes sujos dos que rastejam,
cães roendo os ossos da omissão.
fica a ânsia, o sangue queimando nas veias
até o último momento.”
Paulo Machado

          No mês de julho de 2015 o Coletivo Piauhy Estúdio das Artes apresenta seu solo “Exercício Sobre Medeia” no Estado Rio Janeiro, no histórico Teatro Glauce Rocha, como convidado a compor o quadro de espetáculos de um Projeto denominado Grandes Minorias, que segundo sua idealizadora, a dramaturga carioca Marcia Zanelatto, apresenta: “um panorama de teatralidades que surgem a partir desse tema, buscando mapear as questões sócio-políticas da contemporaneidade brasileira através da cena, revelando um novo teatro engajado, emocionalmente engajado, que tenha potência poética e pensamento capazes de confrontar a indiferença e a insensibilidade que congelam as relações do indivíduo com o outro e com seu tempo e podem mesmo levar uma sociedade ao terror e a barbárie.”  Motivados por visões como estas construímos o nosso Coletivo, com ações e reflexões intensas e ininterruptas, capazes de gerar forças consideráveis, arrancando da letargia o Teatro Brasileiro de Expressão Piauiense e, ao mesmo tempo, estabelecendo relações com outros agrupamentos, filosofias e éticas da cena nacional e mundial.
           Necessário fazermos uma breve digressão, para que possamos compreender os porquês dessa potência poética, desse engajamento emocional, o porquê do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes fazer parte do Projeto Grandes Minorias: o primeiro fator preponderante que nos alinha com o pensamento desse importante evento cênico do Rio de Janeiro e do Brasil é o fato de acreditarmos que nenhuma estética ou linguagem teatral possa comunicar, refletir ou interferir na realidade se vier desprovida de amor ao teatro. Isso significa que não desejamos o vazio de uma proposta meramente bela ou interessante, para o deleite da sociedade pagante. O que nos interessa é restituir a nossa arte algo perdido nos porões de uma visão meramente conceitual. Queremos o teatro do teatro, e a alma que saia pela boca das artes cênicas é a força da atuação.
           Temos nos esforçado, coletiva e individualmente, no sentido da formatação de um modelo de atuante teatral que se compreenda como proletário da arte, um cidadão artista comprometido, intrinsecamente, no combate a tola vaidade, inércia, egolatria e loucura. Defendemos uma perspectiva de homens e mulheres de teatro empenhados na sua própria cura psicossocial e espiritual, como também, com a cura das chagas do mundo. Como plataforma para o alcance desses objetivos tão nobres, nos esforçamos incessantemente, no esmero técnico, estético e conceitual. Essa forma de comportamento traduz o fazer cênico como ação política e atitude existencial.
           Nos últimos cinco anos concebemos e apresentamos três grandes espetáculos: “O Rouxinol e a Rosa”, livre adaptação da obra de Oscar Wilde, “FOGO”, livre adaptação do texto homônimo do piauiense Vítor Gonçalves, “Exercício Sobre Medeia”, bricolagem de textos de autores diversos, inclusive da atriz Silmara Silva, dezesseis leituras de textos, através do nosso Projeto Ciclo de Leituras Dramáticas, envolvendo cerca de 20 atores e atrizes convidados, lançamos um número do Suplemento Cultural Cigarra (o segundo em breve estará sendo lançado),  ministramos diversas oficinas teatrais, sempre com a coordenação de Silmara Silva, fomos destaque no 21° Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, um dos mais importantes eventos do teatro nordestino, escrevemos dezenas de artigos  e ensaios sobre teoria teatral e política cultural, colocando a reflexão e o debate sobre esses assuntos na ordem do dia, fizemos apresentações em vários projetos como SESC Aldeia Guajajara em Caxias-MA e circulação estadual pelo SESC Março de Artes Cênicas, prestigiamos praticamente todos os espetáculos teatrais produzidos em Teresina nos últimos anos, inclusive colaborando tecnicamente em muitos deles, ganhamos praticamente todos os prêmios  locais na área teatral, bem como, tivemos nossos Projetos aprovados em todos os editais locais de incentivo as artes (em alguns nunca recebemos o valor devido), promovemos encontros e debates, protestamos pública e artisticamente quando nossos direitos foram aviltados pelas Instituições oficiais de apoio à cultura e, finalmente, fomos convidados a Participar do Projeto Grandes Minorias.
            Consideramos nossas atividades ainda muito tímidas, contudo, olhando com certo distanciamento, fica claro que ampliamos muito o limite do possível, tendo em vista, a ausência quase completa de apoio das Instituições Municipal e Estadual de Cultura. Sendo muitas vezes incompreendidos por setores menos atentos e recalcitrantes da Gestão Cultural Pública e até mesmo da classe artística, avançamos sem cessar.  Quando nos perguntam de onde vem o talento e o brilho do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes, respondemos sem pestanejar que provem das forças que regem o universo, de tudo que é autêntico, digno, bom e justo. Dessa forma seguimos como no poema a Raça do poeta H Dobal:
“Como fogo dormido
se faz a semente
que gerou esta raça
sem foro de ódio
de igual para igual”

Adriano Abreu
Diretor do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes
Especialmente para os anais do Projeto Grandes Minorias – Ocupação do Teatro Glauce rocha

Rio de Janeiro 8 de julho de 2015