Foto: Adriano Abreu
CONSTRUÇÃO
(2016)
Quantos caminhos um coletivo artístico
pode trilhar? Quantas palavras, ações, silêncios e visões são necessárias para
que ele perdure, produza, viva?
Os refletores sobem e descem escadas,
carregados por desconhecidos que se tornarão seus fiéis parceiros até o final
do dia. As filas ora minúsculas, ora intermináveis nas portas das casas de espetáculos.
As conversas nos bares, nas praças, no meio do mundo. Hotéis, casas
transitórias e seus “mistérios”. O horário da comida, a comida, as fotografias,
as vans lotadas e vazias, os bilhetes de passagens e as passagens não permitidas.
Dinheiro e a falta dele. Concordâncias e os infinitos pormenores. A concretude
do frágil, do efêmero, dos destinos cruzados.
Todos os contatos construídos com olhares,
abraços, mãos que se apertam. Considerações daquilo que foi afável, do
grosseiro (elegâncias e desinteligências).
A magia, a depressão, o medo e a
coragem inaudita, a dor e a cura.
Grupos, movimentos e espetáculos,
alguns obtusos, muitos engajados e outros geniais.
O pendulo eterno
ensaio-erro-ensaio...
A multidão de coisas visíveis e invisíveis
também, constituem, a matéria e superfície onde se constroem uma organização
teatral.
Depois de alguns festivais
internacionais (inclusive um fora do Brasil), muitas mostras e festivais locais
e nacionais, 23 Edições do Ciclo de Leituras Dramáticas, coordenar a 5ª Edição
do Núcleo de Laboratório Teatrais do Nordeste (idealizado pelo Oco Teatro
Laboratório de Salvador-BA em parceria com o Festival de Teatro Lusófono do
Grupo Harem de Teatro), um número considerável de exibições públicas dos nossos
trabalhos (FOGO, Exercício Sobre Medeia e De Última Pocket Show), centenas de e-mails
e todo tipo de mensagens, dezenas de artigos, comentários, debates,
interlocuções, oficinas, entrevistas (sei lá quantas), incontáveis páginas
lidas, ter visto um tempo incalculável de horas de espetáculos de todos os
matizes, participado de intermináveis discussões dentro e fora do Coletivo
Piauhy Estúdio das Artes, sempre convivendo com afagos, despedidas e pedidos de
perdão que eu fiz e que me fizeram, nessa faina utópica, portanto digna e
profética, de reinventar o Teatro Brasileiro de Expressão Piauiense, dessa
forma, reinventando minha persona todos os dias a partir do amor e da luta dos
meus irmão de caminho, agarrado a tudo isso e as minhas próprias asas. Chego a
inexorável conclusão:
Estamos apenas
começando!
Adriano Abreu em 30/12/2016