sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

CONSTRUÇÃO (2016)

Foto: Adriano Abreu

CONSTRUÇÃO
(2016)
          Quantos caminhos um coletivo artístico pode trilhar? Quantas palavras, ações, silêncios e visões são necessárias para que ele perdure, produza, viva?
           Os refletores sobem e descem escadas, carregados por desconhecidos que se tornarão seus fiéis parceiros até o final do dia. As filas ora minúsculas, ora intermináveis nas portas das casas de espetáculos. As conversas nos bares, nas praças, no meio do mundo. Hotéis, casas transitórias e seus “mistérios”. O horário da comida, a comida, as fotografias, as vans lotadas e vazias, os bilhetes de passagens e as passagens não permitidas. Dinheiro e a falta dele. Concordâncias e os infinitos pormenores. A concretude do frágil, do efêmero, dos destinos cruzados.
            Todos os contatos construídos com olhares, abraços, mãos que se apertam. Considerações daquilo que foi afável, do grosseiro (elegâncias e desinteligências).
             A magia, a depressão, o medo e a coragem inaudita, a dor e a cura.
            Grupos, movimentos e espetáculos, alguns obtusos, muitos engajados e outros geniais.
             O pendulo eterno ensaio-erro-ensaio...
             A multidão de coisas visíveis e invisíveis também, constituem, a matéria e superfície onde se constroem uma organização teatral.
             Depois de alguns festivais internacionais (inclusive um fora do Brasil), muitas mostras e festivais locais e nacionais, 23 Edições do Ciclo de Leituras Dramáticas, coordenar a 5ª Edição do Núcleo de Laboratório Teatrais do Nordeste (idealizado pelo Oco Teatro Laboratório de Salvador-BA em parceria com o Festival de Teatro Lusófono do Grupo Harem de Teatro), um número considerável de exibições públicas dos nossos trabalhos (FOGO, Exercício Sobre Medeia e De Última Pocket Show), centenas de e-mails e todo tipo de mensagens, dezenas de artigos, comentários, debates, interlocuções, oficinas, entrevistas (sei lá quantas), incontáveis páginas lidas, ter visto um tempo incalculável de horas de espetáculos de todos os matizes, participado de intermináveis discussões dentro e fora do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes, sempre convivendo com afagos, despedidas e pedidos de perdão que eu fiz e que me fizeram, nessa faina utópica, portanto digna e profética, de reinventar o Teatro Brasileiro de Expressão Piauiense, dessa forma, reinventando minha persona todos os dias a partir do amor e da luta dos meus irmão de caminho, agarrado a tudo isso e as minhas próprias asas. Chego a inexorável conclusão:
Estamos apenas começando!
Adriano Abreu em 30/12/2016

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